CARMEN
MIRANDA
1) Maria do Carmo Miranda da Cunha (Várzea da Ovelha e Aliviada, Marco de Canaveses, Portugal, 9 de fevereiro de 1909 — Beverly Hills, Condado de Los Angeles, Estados Unidos, 5 de agosto de 1955), foi uma cantora e atriz portuguesa radicada no Brasil.
1) Maria do Carmo Miranda da Cunha (Várzea da Ovelha e Aliviada, Marco de Canaveses, Portugal, 9 de fevereiro de 1909 — Beverly Hills, Condado de Los Angeles, Estados Unidos, 5 de agosto de 1955), foi uma cantora e atriz portuguesa radicada no Brasil.
5)
O primeiro grande sucesso veio
com a marcha-canção Ta-hí (Pra
Você Gostar De Mim), de Joubert de Carvalho
lançada em 1930 e que foi recorde de vendas,
ultrapassando a marca de 36 mil cópias, a música alcançou uma popularidade tão grande que, em menos de seis meses,
Carmen Miranda já era a cantora mais famosa do Brasil.
lançada em 1930 e que foi recorde de vendas,
ultrapassando a marca de 36 mil cópias, a música alcançou uma popularidade tão grande que, em menos de seis meses,
Carmen Miranda já era a cantora mais famosa do Brasil.
6)
No ano seguinte, ela fez sua
primeira turnê internacional,
já como uma artista renomada, quando foi para a Argentina com os cantores Francisco Alves, Mário Reis e com o bandolinista Luperce Miranda.
já como uma artista renomada, quando foi para a Argentina com os cantores Francisco Alves, Mário Reis e com o bandolinista Luperce Miranda.
7)
Ela retornou à Argentina mais
oito vezes, entre os anos de 1933 e 1938. Carmen Miranda tornou-se a
primeira artista de rádio a assinar contrato com uma emissora, quando na época
todos recebiam somente cachês.
E seu sucesso na indústria fonográfica lhe garantiu um lugar nos
primeiros filmes sonoros lançados na década de 1930.
E seu sucesso na indústria fonográfica lhe garantiu um lugar nos
primeiros filmes sonoros lançados na década de 1930.
8)
Foi em 1939, no filme Banana da Terra, que Carmen Miranda apareceu pela primeira vez caracterizada de baiana,
personagem que a lançou internacionalmente.
O musical apresentava clássicos como O que é que a baiana tem?, que lançou Dorival Caymmi no cinema.
O musical apresentava clássicos como O que é que a baiana tem?, que lançou Dorival Caymmi no cinema.
9)
Quando estava em temporada
no Cassino da
Urca, Carmen foi contratada pelo o
magnata do show business Lee Shubert, para
ser uma das atrações do seu novo espetáculo, The Streets of Paris, que estrearia na Broadway.
Este foi o episódio que transformou a vida de quem mais tarde viria a ser conhecida como "The Brazilian Bombshell".
Este foi o episódio que transformou a vida de quem mais tarde viria a ser conhecida como "The Brazilian Bombshell".
10)
Em 1940, ela fez sua estreia no cinema americano no
filme Serenata Tropical, com Don Ameche e Betty
Grable, a crítica aclamava suas roupas
exóticas e seu sotaque latino, que tornou-se sua marca registrada.
Nesse período ela foi eleita a terceira personalidade mais popular nos Estados Unidos, e foi convidada para se apresentar junto com seu grupo, o Bando da Lua, para o presidente Franklin Roosevelt na Casa Branca.
Carmem Miranda chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos.
Nesse período ela foi eleita a terceira personalidade mais popular nos Estados Unidos, e foi convidada para se apresentar junto com seu grupo, o Bando da Lua, para o presidente Franklin Roosevelt na Casa Branca.
Carmem Miranda chegou a receber o maior salário até então pago a uma mulher nos Estados Unidos.
11)
Sua fortuna foi estimada como
algo equivalente a cerca de $2 milhões de dólares pelo Los Angeles Times.
12)
Fez um total de catorze filmes
nos EUA entre 1940 e 1953, nove deles somente na 20th
Century Fox.
13)
Embora aclamada como uma artista
talentosa, sua popularidade diminuiu até o final da Segunda Guerra Mundial.
14)
O seu talento como cantora e
performer, porém, muitas vezes foi ofuscado pelo caráter exótico de suas
apresentações.
Carmen tentou reconstruir sua identidade e fugir do enquadramento que seus produtores e a indústria tentavam lhe impor, mas sem conseguir grandes avanços.
Carmen tentou reconstruir sua identidade e fugir do enquadramento que seus produtores e a indústria tentavam lhe impor, mas sem conseguir grandes avanços.
15)
Numa época em que Hollywood estava interessada em vender musicais de "boa vizinhança"
para evitar que as nações da América
Latina se alinhassem com o Eixo, Carmen
Miranda se tornou a personificação de um exotismo latino-americano genérico que
foi abraçado como singular e peculiar pelo público dos EUA e rejeitado como
inautêntico e paternalista por brasileiros.
16)
De fato, por todos os
estereótipos que enfrentou ao longo de sua carreira, suas apresentações fizeram
grandes avanços na popularização da música brasileira, ao
mesmo tempo, abrindo o caminho para o aumento da consciência de toda a cultura
Latina.
17)
Carmen Miranda foi a primeira
artista latino-americana a ser convidada a imprimir suas mãos e pés no pátio
do Grauman's Chinese Theatre, em 1941.
18)
Ela também se tornou a
primeira sul-americana a
ser homenageada com uma estrela na Calçada da Fama.
A sua figura, para muito além da música, seria uma influência permanente na cultura brasileira, da Tropicália ao cinema.
A sua figura, para muito além da música, seria uma influência permanente na cultura brasileira, da Tropicália ao cinema.
19)
Em 20 anos de carreira deixou sua
voz registrada em 279 gravações somente no Brasil e mais 34 nos EUA, num total
de 313 canções.
21)
Em 1995, ela foi tema do aclamado
documentário Carmen
Miranda: Bananas is my Business,
dirigido por Helena Solberg uma interseção
no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive em frente ao Teatro Chinês em Hollywood foi oficialmente nomeada Carmen Miranda Square, em setembro de 1998.
no cruzamento da Hollywood Boulevard e Orange Drive em frente ao Teatro Chinês em Hollywood foi oficialmente nomeada Carmen Miranda Square, em setembro de 1998.
23)
Carmen Miranda foi batizada com o nome de Maria do Carmo Miranda da Cunha na
igreja da freguesia de Várzea da Ovelha e Aliviada,
Portugal, concelho de Marco de Canaveses.
Portugal, concelho de Marco de Canaveses.
24)
Era a segunda filha do barbeiro José Maria Pinto da
Cunha (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 17 de fevereiro de 1887
- 21 de junho de 1938)
e de sua mulher, Maria Emília Miranda (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 10 de março de 1886 - Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1971).
e de sua mulher, Maria Emília Miranda (Marco de Canaveses, Várzea da Ovelha e Aliviada, 10 de março de 1886 - Rio de Janeiro, 9 de novembro de 1971).
26)
A emigração da família para o Brasil já estava
marcada. Entretanto, ao ver-se grávida, a mãe de Carmen Miranda preferiu
aguardar o nascimento da filha.
Pouco depois, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro.
Pouco depois, seu pai, José Maria, emigrou para o Brasil, onde se instalou no Rio de Janeiro.
27)
Em 1910, sua mãe, Maria Emília seguiu o marido,
acompanhada da filha mais velha,
Olinda (1907-1931), e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou ao país onde nascera.
Olinda (1907-1931), e de Carmen, que tinha menos de um ano de idade. Carmen nunca voltou ao país onde nascera.
29)
No Rio de Janeiro, seu pai abriu um salão de barbeiro na
rua da Misericórdia, número 70, em sociedade com um conterrâneo.
A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.
A família estabeleceu-se no sobrado acima do salão. Mais tarde mudaram-se para a rua Joaquim Silva, número 53, na Lapa.
30)
No Brasil, nasceram os outros quatro filhos do casal:
Amaro (1911), Cecília (1913-2011), Aurora (1915-2005) e
Óscar (1916).
32)
Teve o seu primeiro emprego aos 14 anos numa loja
de gravatas, e depois numa chapelaria.
Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.
Contam que foi despedida por passar o tempo cantando, mas o seu biógrafo Ruy Castro diz que ela cantava por influência de sua irmã mais velha, Olinda, e que assim atraía clientes.
33)
Nesta época, a sua família deixou a Lapa e passou a
residir num sobrado na Travessa do Comércio, número 13. Em 1925, Olinda, acometida de tuberculose, voltou
para Portugal para tratamento, onde permaneceu até sua morte em 1931.
34)
Para complementar a renda familiar, sua mãe passou a
administrar uma pensão doméstica
que servia refeições para empregados do comércio.
35)
Em 1926, Carmen, que tentava ser artista,
apareceu incógnita em uma fotografia na
sessão de cinema do jornalista Pedro
Lima da revista Selecta.
36)
Em 1928, o
deputado baiano Aníbal Duarte apresentou Carmen Miranda a Josué de Barros. Josué trabalhava na Rádio Sociedade
Professor Roquete Pinto (atual Rádio MEC) e levou
Miranda para atuar na emissora.
Ele então a apresentou ao diretor da Brunswick e em 1929, ela gravou sua primeira música, o samba "Não Vá Sim'bora", com autoria de Josué. Carmen Miranda foi então apresentada ao diretor da gravadora RCA Victor, onde iniciou sua carreira gravando "Dona Balbina" e "Triste Jandaia". Meses depois foram lançadas as musicas "Barucuntum" e "Iaiá Ioiô".
Ele então a apresentou ao diretor da Brunswick e em 1929, ela gravou sua primeira música, o samba "Não Vá Sim'bora", com autoria de Josué. Carmen Miranda foi então apresentada ao diretor da gravadora RCA Victor, onde iniciou sua carreira gravando "Dona Balbina" e "Triste Jandaia". Meses depois foram lançadas as musicas "Barucuntum" e "Iaiá Ioiô".
37)
O famoso compositor e médico Joubert de Carvalho compôs a música "Taí" com a
marcha-canção "Pra Você
Gostar de Mim" gravada por Miranda em 1930,
a canção foi um sucesso e o disco vendeu 35 mil cópias no ano de lançamento, recorde para a época, Carmen Miranda era então aclamada pela crítica como "a maior cantora do Brasil".
a canção foi um sucesso e o disco vendeu 35 mil cópias no ano de lançamento, recorde para a época, Carmen Miranda era então aclamada pela crítica como "a maior cantora do Brasil".
38)
Como muitos dos primeiros atores no Brasil, Carmen
Miranda era já uma estrela bem estabelecida da música popular e do rádio, a sua
transição para o cinema, e seu sucesso na indústria fonográfica lhe garantiu um
lugar nos primeiros filmes sonoros lançados na década de
1930.
Sua carreira no Brasil foi intimamente ligada com o gênero de filmes musicais que se baseou em tradições carnavalescas do país, e as celebrações anuais e estilos musicais da cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em particular.
Sua carreira no Brasil foi intimamente ligada com o gênero de filmes musicais que se baseou em tradições carnavalescas do país, e as celebrações anuais e estilos musicais da cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, em particular.
39)
Em 1926, ela apareceu como figurante no filme A Esposa do Solteiro, e quatro
anos depois assinou contrato para Degraus da Vida, que não chegou a ser rodado.
Miranda também apresentou um número musical em O Carnaval Cantado no Rio (1932), o primeiro documentário sonoro sobre o tema popular, e três músicas em A Voz do Carnaval (1933), que combinou imagens reais das celebrações do carnaval de rua no Rio com um enredo fictício que fornecia infinitos pretextos para números musicais.
Miranda também apresentou um número musical em O Carnaval Cantado no Rio (1932), o primeiro documentário sonoro sobre o tema popular, e três músicas em A Voz do Carnaval (1933), que combinou imagens reais das celebrações do carnaval de rua no Rio com um enredo fictício que fornecia infinitos pretextos para números musicais.
40)
Sua aparição seguinte no cinema foi em Alô, Alô, Brasil (1935),
e seu status de estrela da música popular foi refletido no fato dela ter sido
escolhida para se apresentar no número de encerramento do filme, a marcha "Primavera no Rio", que ela
havia gravado pela RCA Victor em agosto de 1934.
Carmen Miranda roubou o show com este desempenho e o chefe dos estúdios da Cinédia, Adhemar Gonzaga, decidiu torná-lo o musical final do filme, em vez de um número liderado pelo cantor Francisco Alves, como havia sido planejado inicialmente. Poucos meses após o lançamento de Alô, Alô, Brasil, a revista Cinearte declarou: "Carmen Miranda é atualmente a maior figura popular do cinema brasileiro, a julgar pelo número de correspondência que ela recebe".
Carmen Miranda roubou o show com este desempenho e o chefe dos estúdios da Cinédia, Adhemar Gonzaga, decidiu torná-lo o musical final do filme, em vez de um número liderado pelo cantor Francisco Alves, como havia sido planejado inicialmente. Poucos meses após o lançamento de Alô, Alô, Brasil, a revista Cinearte declarou: "Carmen Miranda é atualmente a maior figura popular do cinema brasileiro, a julgar pelo número de correspondência que ela recebe".
41)
O êxito do filme levou a Cinédia a chamá-la para um
novo musical, Bonequinha de Seda.
Esta, por algum motivo não elucidado, provavelmente viagem à Argentina, não aceitou o papel, que foi dado a Gilda de Abreu. Miranda logo passou a ser chamada de "A Pequena Notável" - por causa da estatura baixa, apelido dado nessa época, pelo radialista César Ladeira.
Esta, por algum motivo não elucidado, provavelmente viagem à Argentina, não aceitou o papel, que foi dado a Gilda de Abreu. Miranda logo passou a ser chamada de "A Pequena Notável" - por causa da estatura baixa, apelido dado nessa época, pelo radialista César Ladeira.
42)
Em seu filme seguinte, Estudantes (1935), foi dado a Carmen Miranda pela primeira
vez um papel narrativo.
Nesta chamada produção de "meio do ano" lançada para coincidir com os festejos juninos, Carmen interpretou Mimi, uma jovem cantora de rádio (que apresenta dois números no filme), que se apaixona por um estudante universitário desempenhado pelo cantor Mário Reis.
Nesta chamada produção de "meio do ano" lançada para coincidir com os festejos juninos, Carmen interpretou Mimi, uma jovem cantora de rádio (que apresenta dois números no filme), que se apaixona por um estudante universitário desempenhado pelo cantor Mário Reis.
43)
Carmen Miranda foi fundamental para o sucesso da
próxima co-produção dos estúdios Waldow-Cinédia, o musical Alô, Alô, Carnaval,
que contou com um elenco de estrelas do mundo da música popular e do rádio, incluindo a irmã de Carmen, Aurora Miranda.
que contou com um elenco de estrelas do mundo da música popular e do rádio, incluindo a irmã de Carmen, Aurora Miranda.
44)
E pelos padrões brasileiros da época Alô, Alô, Carnaval foi uma
grande produção. O set reproduziu o interior do luxuoso Cassino Atlântico do
Rio, onde algumas das cenas foram filmadas, e os cenários para determinados
números musicais.
Carmen desempenhou claramente um papel crucial na atração, como é evidenciado por um cartaz anunciando o filme, que inclui apenas uma imagem, uma fotografia de corpo inteiro dela, apoiada aparentemente em um grande cartaz listando os membros do elenco, com o seu nome no topo.
Carmen desempenhou claramente um papel crucial na atração, como é evidenciado por um cartaz anunciando o filme, que inclui apenas uma imagem, uma fotografia de corpo inteiro dela, apoiada aparentemente em um grande cartaz listando os membros do elenco, com o seu nome no topo.
45)
Embora em 1936 a versão original do filme desse
a Francisco Alves o número final, foi o memorável
desempenho de Carmen e Aurora em "Cantoras do Rádio" que conquistou o público.
46)
Quando uma cópia restaurada do filme foi lançado em
1974, foi precisamente o seu número musical que foi escolhido para fechar o
filme,
em reconhecimento do apelo duradouro da fama internacional de Carmen, bem como o valor de entretenimento inerente da performance.
em reconhecimento do apelo duradouro da fama internacional de Carmen, bem como o valor de entretenimento inerente da performance.
47)
Sua carreira no rádio inclui passagens pela Mayrink Veiga (1932-1936), onde assinou um
contrato de dois anos para ganhar dois contos de réis por
mês,
fato que a tornaria a primeira cantora de rádio a assinar um contrato de trabalho com uma emissora, quando a praxe era o cachê por participação.
fato que a tornaria a primeira cantora de rádio a assinar um contrato de trabalho com uma emissora, quando a praxe era o cachê por participação.
48)
Em 1936, Miranda assinou com a Tupi, ganhando semanalmente 1 conto de réis.
Em novembro de 1937, com o fim do primeiro contrato com a Tupi, a Mayrink a chamou de volta por seis contos de réis mensais, reafirmando sua condição de "a artista mais bem paga do rádio brasileiro".
Dois anos depois de ingressar na Odeon, ela já era o mais popular e bem pago nome da música brasileira.
Em novembro de 1937, com o fim do primeiro contrato com a Tupi, a Mayrink a chamou de volta por seis contos de réis mensais, reafirmando sua condição de "a artista mais bem paga do rádio brasileiro".
Dois anos depois de ingressar na Odeon, ela já era o mais popular e bem pago nome da música brasileira.
49)
O último filme brasileiro de Carmen
Miranda foi outro musical carnavalesco, Banana da
Terra (1939).
50)
Mais uma vez o enredo cômico do
filme, era essencialmente uma construção para encadear os vários números
musicais.
A história começa na ilha fictícia do Oceano Pacífico, a Bananolândia, que produziu muita banana naquele ano e não teve compradores para o produto.
A história começa na ilha fictícia do Oceano Pacífico, a Bananolândia, que produziu muita banana naquele ano e não teve compradores para o produto.
51)
A rainha da terra, interpretada pela
cantora Dircinha Batista, foi avisada pelo conselheiro-mor, interpretado pelo ator cômico Oscarito,
que devia vender banana para o Brasil.
E isso ela consegue, por meio de uma intensa propaganda feita pelos jornais e pelo rádio.
E isso ela consegue, por meio de uma intensa propaganda feita pelos jornais e pelo rádio.
52)
A ação gira em seguida, no ambiente
cosmopolita dos casinos do Rio de Janeiro facilitando a inclusão de uma série
de apresentações musicais. Pretendia-se que os dois pontos altos do filme fosse
o desempenho por Carmen Miranda em "Boneca
de Pixe", em um dueto com o apresentador de rádio Almirante, e sua performance solo em "Na Baixa
do Sapateiro", composta por Ary Barroso.
53)
No entanto, Barroso exigiu mais
dinheiro para o uso de suas composições, revelou-se impossível chegar a um
acordo e as canções foram retiradas do filme, embora os dois respectivos
cenários tenham sido criados, e os figurinos e maquiagem planejado.
54)
Para economizar tempo e
dinheiro, Wallace Downey, o produtor do filme, decidiu simplesmente usar os cenários existentes
e figurinos na performance de duas novas canções, a macha "Pirulito" e "O Que É
que a Baiana Tem?". A única parte do filme que sobreviveu ao tempo é a seqüência em que
Carmen executa a canção de Dorival Caymmi, além de cinco fotografias de seu
dueto com Almirante da canção Pirulito.
55)
De acordo com a letra da música,
Carmen apareceria vestindo o traje de "baiana", e foi esta versão estilizada
de seu figurino que instaurou o estilo que a consagrou no mundo todo. Em 1940,
era lançado Laranja da China, filme da trilogia da qual fazia parte Banana da Terra.
Estreado quando Carmen já estava nos EUA, não podendo mais contar com a participação da artista, mas capitalizando em cima da sua popularidade, reaproveitou-se de Banana da Terra a cena em que ela aparece cantando "O Que É que a Baiana Tem?".
Estreado quando Carmen já estava nos EUA, não podendo mais contar com a participação da artista, mas capitalizando em cima da sua popularidade, reaproveitou-se de Banana da Terra a cena em que ela aparece cantando "O Que É que a Baiana Tem?".
56)
Quando se apresentava no Cassino da
Urca, nos dias que antecederam o carnaval de 1939, vestida
como "baiana", e acompanhada pelo Bando da Lua, Carmen
Miranda chama a atenção do produtor norte-americano Lee Shubert,
dono da Select Operating Corporation, que administrava metade dos teatros da Broadway, o empresário ficou impressionado com o seu talento e a contrata para seu espetáculo intitulado "The Streets of Paris".
dono da Select Operating Corporation, que administrava metade dos teatros da Broadway, o empresário ficou impressionado com o seu talento e a contrata para seu espetáculo intitulado "The Streets of Paris".
57)
Mas a execução do contrato não foi imediata, pois
Miranda fazia questão de levar consigo o Bando da Lua, apesar de
Shubert estar apenas interessado nela.
O impasse foi resolvido graças à intervenção de Alzira Vargas, que garantiu o embarque dos integrantes do Bando da Lua. Carmen Miranda então partiu no navio S.S. Uruguay em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
O impasse foi resolvido graças à intervenção de Alzira Vargas, que garantiu o embarque dos integrantes do Bando da Lua. Carmen Miranda então partiu no navio S.S. Uruguay em 4 de maio de 1939, às vésperas da Segunda Guerra Mundial.
58)
A exótica "baiana" agradou aos
norte-americanos, mas despertou polêmica entre os brasileiros, com suas vestes
estilizada e o arranjo de frutas tropicais que carregava sobre a cabeça –
marcas definitivas de sua imagem –
Carmen Miranda, acabou por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil.
Carmen Miranda, acabou por expor ao mundo uma visão caricata e estereotipada do Brasil.
59)
No auge da “política de boa vizinhança” entre os Estados
Unidos e a América
Latina, sua imagem era explorada pelos estúdios à exaustão.
Tal exposição internacional fez despertar na intelectualidade brasileira um certo sentimento de desprezo por sua figura. Em uma apresentação no Cassino da Urca em 15 de julho de 1940, depois de sua volta dos Estados Unidos, com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam “americanizada”.
Tal exposição internacional fez despertar na intelectualidade brasileira um certo sentimento de desprezo por sua figura. Em uma apresentação no Cassino da Urca em 15 de julho de 1940, depois de sua volta dos Estados Unidos, com a presença de políticos importantes do Estado Novo, foi apupada pelos que a consideravam “americanizada”.
60)
Entre os seus críticos havia muitos que eram
simpatizantes de correntes políticas contrárias a norte-americana.
Dois meses depois, Carmen Miranda voltaria ao mesmo palco e seria fartamente aplaudida por uma platéia mais afeita ao seu repertório, então já atualizado com respostas como "Disseram que Voltei Americanizada", especialmente composta por Vicente Paiva e Luiz Peixoto, no mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil.
Dois meses depois, Carmen Miranda voltaria ao mesmo palco e seria fartamente aplaudida por uma platéia mais afeita ao seu repertório, então já atualizado com respostas como "Disseram que Voltei Americanizada", especialmente composta por Vicente Paiva e Luiz Peixoto, no mesmo mês gravou seus últimos discos no Brasil.
61)
“Não é certo nem verdadeiro, que eu
tenha afirmado nos Estados Unidos a minha nacionalidade, sou brasileira, porque
aqui me encontro desde a idade de um ano; e nesta terra me eduquei e fiz minha
carreira artística. É ao povo brasileiro — aos meus patrícios — que devo todo este
incentivo, todo este aplauso, todas estas homenagens. E não ha, sequer, uma
entrevista minha, em qualquer órgão de imprensa, em que não tivesse sempre
reafirmado, categoricamente, este meu amor, este meu carinho, esta minha
admiração pelo Brasil”.
62)
Miranda chegou à Nova York em 18 de maio. Ela e
o Bando da Lua fizeram sua primeira apresentação
na Broadway em 19 de junho de 1939, em As Ruas de Paris, uma
revista musical estrelada por Bobby Clark, os comediantes Abbott & Costello, Luella Gear e o cantor
Jean Sablon entre os principais artistas. Era uma produção de Olsen e Johnson em parceria com Lee Shubert, e estreou
inicialmente no Shubert Theatre de Boston em 29 de maio de 1939. Embora a parte de Miranda fosse
pequena, ela recebeu boas críticas e se tornou uma sensação na mídia.
63)
De acordo com o crítico de teatro do New York Times, Brooks
Atkinson, a maioria dos números musicais era "de mau
gosto" se comparadas as genuínas revistas parisienses, Atkinson continua,
mas foram os "Sul-americanos que contribuíram com a personalidade mais
magnética" da revista.
Carmen Miranda canta as suas "rápidas canções acompanhadas de uma banda brasileira. O calor que ela irradia vai sobrecarregar as fábricas de ar-condicionado neste verão”.
Carmen Miranda canta as suas "rápidas canções acompanhadas de uma banda brasileira. O calor que ela irradia vai sobrecarregar as fábricas de ar-condicionado neste verão”.
64)
O colunista Walter
Winchell relatou em sua coluna no Daily Mirror, que uma nova estrela
tinha nascido que salvaria a Broadway da queda nas vendas de bilhetes causada
pela popularidade da Feira Mundial de Nova York de 1939. O elogio
de Winchell para Carmen e seu Bando da Lua foi repetido em seu programa diário
na rede de rádio ABC, que atingia 55 milhões de ouvintes.
A imprensa elogiou Miranda como "A garota que está salvando a Broadway da Feira Mundial".
A imprensa elogiou Miranda como "A garota que está salvando a Broadway da Feira Mundial".
65)
O revisor teatral da revista Life escrevendo sobre o show disse, "perto do
final do primeiro ato de Streets of Paris uma jovem chamativa vestindo uma
roupa estranha de cores vivas se contorce através das cortinas e começa a
confundir o público já deslumbrado em um breve número de canções em português.
Em parte porque sua melodia incomum e ritmos fortemente acentuados são diferentes de tudo já ouviu falar em uma revista musical em Manhattan antes, em parte porque não há nenhum significado, exceto os olhos insinuantes de Carmen Miranda, ela e suas músicas são hit do show".
Em parte porque sua melodia incomum e ritmos fortemente acentuados são diferentes de tudo já ouviu falar em uma revista musical em Manhattan antes, em parte porque não há nenhum significado, exceto os olhos insinuantes de Carmen Miranda, ela e suas músicas são hit do show".
66)
A revista Time escreveu que “ela é a garota que para o show,
que todos admiram, e a qual todos se sentem atraídos”. Um crítico resumiu seu
surpreendente apelo: "ela é a maior sensação teatral do ano".
A revista foi um sucesso e permaneceu em cartaz em Nova York por todo um semestre, totalizando 274 apresentações. Sendo depois levada para Pittsburgh, Filadélfia, Baltimore e Washington D.C, chegando a Chicago, Detroit e Cleveland. Em 5 de março de 1940, ela fez uma performance perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.
A revista foi um sucesso e permaneceu em cartaz em Nova York por todo um semestre, totalizando 274 apresentações. Sendo depois levada para Pittsburgh, Filadélfia, Baltimore e Washington D.C, chegando a Chicago, Detroit e Cleveland. Em 5 de março de 1940, ela fez uma performance perante o presidente Franklin D. Roosevelt durante um banquete na Casa Branca.
67)
Assim que a notícia da mais recente estrela da
Broadway, chamada de "Brazilian Bombshell", chegou a Hollywood, a Twentieth Century-Fox começou a
desenvolver um filme para apresentá-la.
Lançado em 1940, Serenata Tropical foi um grande sucesso, e criou um tipo de musical hollywoodiano totalmente novo, que definiria em grande parte o avançado estilo da Fox durante a década seguinte, apresentando o popular Don Ameche e a novata Betty Grable, o filme se tornou o musical número 1 do estúdio naquele ano, gerando uma receita de $2 milhões de dólares, e três indicações ao Oscar. Produzido por Darryl F. Zanuck, o filme era uma refilmagem de Romance do Sul, de 1938, e levou mais de 10 meses de filmagem para ser concluído, na ocasião, a mais longa na história da companhia.
Lançado em 1940, Serenata Tropical foi um grande sucesso, e criou um tipo de musical hollywoodiano totalmente novo, que definiria em grande parte o avançado estilo da Fox durante a década seguinte, apresentando o popular Don Ameche e a novata Betty Grable, o filme se tornou o musical número 1 do estúdio naquele ano, gerando uma receita de $2 milhões de dólares, e três indicações ao Oscar. Produzido por Darryl F. Zanuck, o filme era uma refilmagem de Romance do Sul, de 1938, e levou mais de 10 meses de filmagem para ser concluído, na ocasião, a mais longa na história da companhia.
68)
No enredo, os personagens principais viajam
a Argentina, onde visitam o clube noturno "El Trigre", e onde encontram Carmen Miranda, como ela mesma, cantando os números do seu musical da Broadway, e apesar de não interagir com o elenco sua performance recebeu elogios por parte da crítica. Ted Sennet, em seu livro Hollywood Musicals escreve que "Carmen Miranda canta com uma energia que ameaça fazer desabar o absurdamente alto e enfeitado turbante em sua cabeça"
Down Argentine Way é considerado o primeiro de muitos filmes feito pela Fox para implementar a chamada "Política de Boa Vizinhança" do presidente Franklin D. Roosevelt em relação à América Latina. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidosdesenvolveu uma agência administrativa para incentivar as boas relações com a América Latina, devido a crescente influência nazista na região.
O Escritório de Assuntos Inter-Americanos foi criado para promover e estimular especificamente a produção de filmes de "boa vizinhança".
a Argentina, onde visitam o clube noturno "El Trigre", e onde encontram Carmen Miranda, como ela mesma, cantando os números do seu musical da Broadway, e apesar de não interagir com o elenco sua performance recebeu elogios por parte da crítica. Ted Sennet, em seu livro Hollywood Musicals escreve que "Carmen Miranda canta com uma energia que ameaça fazer desabar o absurdamente alto e enfeitado turbante em sua cabeça"
Down Argentine Way é considerado o primeiro de muitos filmes feito pela Fox para implementar a chamada "Política de Boa Vizinhança" do presidente Franklin D. Roosevelt em relação à América Latina. Durante a Segunda Guerra Mundial, o governo dos Estados Unidosdesenvolveu uma agência administrativa para incentivar as boas relações com a América Latina, devido a crescente influência nazista na região.
O Escritório de Assuntos Inter-Americanos foi criado para promover e estimular especificamente a produção de filmes de "boa vizinhança".
69)
A produção de Down Argentine Wayantecedeu a criação do Gabinete de Assuntos
Interamericanos, mas foi provavelmente influenciado pela política de
administração de Roosevelt. Os filmes eram muito populares nos Estados Unidos,
mas não bem sucedido como propaganda destinada a América Latina porque faltava
autenticidade regional. Carmen
Miranda assinou um contrato com a Fox em 1940, enquanto estava aparecendo
em The Streets of Paris,
como não poderia ir a Hollywood, seus
números para o filme foram filmados em Nova York.
70)
Durante os anos de guerra, Carmen Miranda estrelou oito de seus
catorze filmes; embora os estúdios a chamassem de Brazilian Bombshell, seus
papeis no cinema tinham uma identidade latino-americana indefinida. Com o
lançamento de Uma Noite no Rio do diretor Irving
Cummings, a Variety escreveu:
"[Don] Ameche convence em um papel duplo, e [Alice] Faye é atraente de ser
ver, mas é a tempestuosa Carmen Miranda que realmente se destaca a partir da
primeira seqüência". O New York Times disse: "sempre que Don Ameche ou outro dos
personagens sai do caminho e deixa que [Carmen] Miranda fique com a tela, o
filme ferve em malícia". Anos mais tarde, Clive Hirschhorn
escreveu que That Night in Rio "era
o ápice do musical do tempo de guerra da Fox - exageradamente aparamentado, e
uma totalmente irresistível cornucópia de ingredientes escapistas, cujo total
profissionalismo era tão deslumbrante quanto a cor, os cenários, os trajes e a
quantidade de garotas despejadas no filme".
71)
Em 24 de março de 1941, Carmen Miranda tornou-se a primeira
latino-americana ser convidada a colocar suas mãos e pegadas no cimento do
pátio do Grauman's Chinese Theatre.
72)
O seu trabalho seguinte, Aconteceu em Havana (1941)
foi dirigido por Walter Lang com William
LeBaron como produtor. O elenco incluía Alice Faye, John Payne e Cesar Romero. Depois
desse terceiro esforço para ativar o "quente segue latino", a Fox foi
apelidada por Bosley Crowther de "a melhor vizinha em
Hollywood". O musical recebeu críticas variáveis em seu lançamento,
René Reyna, um crítico de cinema cubano, chamou-o de "um parto de sete
meses de Hollywood". No entanto, o filme rendeu de bilheteria mais do que
se previa, quando estreou em 17 de
outubro de 1941no Grauman's Chinese Theatre tornou-se
o filme mais rentável daquela semana, acima de Cidadão Kane. Segundo o Levantamento Nacional de Bilheteria,
realizado pela revista Variety, Aconteceu em Havana rendeu mais
de 1 milhão de dólares nos últimos 3 meses de 1941.
73)
Depois do termino das filmagens, Carmen Miranda e
o Bando da Lua voltaram à Nova York, para mais
um musical da Broadway chamado Sons o' Fun, que estreou no Shubert Theater de Boston em 31 de
outubro de 1941. Em relação a estreia, a Variety declarou
que "alguns bons números especiais fazem crescer o seu valor de
bilheteria, e Carmen Miranda é um deles". Com o sucesso em Boston, o
musical chegou ao Winter Garden Theatre de Nova York.
O crítico do New York Herald Tribune, Richard Watts Jr., escreveu que as performances de Carmen Miranda dava "ao show um toque de distinção". Sons O'Fun tornou-se o principal espetáculo da Broadway naquele ano, rendendo mais de 41 mil dólares em sua primeira semana, permanecendo em cartaz por 742 dias.
Em 1 de junho de 1942, Carmen Miranda deixou a produção; ela partiu de volta à Hollywood. Neste mesmo período, ela fez algumas gravações para a Decca Records.
O crítico do New York Herald Tribune, Richard Watts Jr., escreveu que as performances de Carmen Miranda dava "ao show um toque de distinção". Sons O'Fun tornou-se o principal espetáculo da Broadway naquele ano, rendendo mais de 41 mil dólares em sua primeira semana, permanecendo em cartaz por 742 dias.
Em 1 de junho de 1942, Carmen Miranda deixou a produção; ela partiu de volta à Hollywood. Neste mesmo período, ela fez algumas gravações para a Decca Records.
74)
Em 1942, a 20th
Century-Fox pagou US$ 60 mil para Lee Shubert encerrar
seu contrato com Miranda, que terminou a turnê de Sons O'Fun e começou a filmar Minha Secretária Brasileira, uma
comédia musical estrelada ao lado de Betty Grable, com John Payne e Cesar Romero.
O filme tornou-se um sucesso comercial, chegando a entrar para a lista dos mais rentáveis do ano, rendendo ao estúdio mais de 2 milhões de dólares em faturamento. De acordo com uma crítica do Chicago Tribune, o filme era "insensato, mas intrigante para os olhos, o enredo básico é espirrado com músicas e danças, e os olhos e mão de Carmen Miranda".
O filme tornou-se um sucesso comercial, chegando a entrar para a lista dos mais rentáveis do ano, rendendo ao estúdio mais de 2 milhões de dólares em faturamento. De acordo com uma crítica do Chicago Tribune, o filme era "insensato, mas intrigante para os olhos, o enredo básico é espirrado com músicas e danças, e os olhos e mão de Carmen Miranda".
75)
Em 1943, ela apareceu em Entre a Loura e a Morena de Busby
Berkeley. Os musicais de Berkeley eram famosos por seu espirito inovador e
maestria com a câmera, e o papel de Carmen Miranda como Dorita caracterizou
definitivamente sua carreira como a "The Lady in the Tutti-Frutti
Hat". Até então, Miranda parecia estar presa a papéis exóticos, e seu
contrato com o estúdio ainda a forçava a aparecer em eventos com seus figurinos
extravagantes.
Uma música que ela gravou, I Make My Money With Bananas, parecia prestar homenagem um tanto irônica ao seu "typecasting". The Gang's All Here foi um dos 10 filmes de maior bilheteria de 1943 e a produção mais cara do Fox no ano, além disso recebeu uma indicação ao Oscar de melhor direção de arte. Recebeu críticas positivas, o New York Times escreveu: "Sr. Berkeley esconde ideias maliciosas por trás dessas cenas, um ou dois de seus espetáculos de dança parecem provir diretamente de Freud".
Uma música que ela gravou, I Make My Money With Bananas, parecia prestar homenagem um tanto irônica ao seu "typecasting". The Gang's All Here foi um dos 10 filmes de maior bilheteria de 1943 e a produção mais cara do Fox no ano, além disso recebeu uma indicação ao Oscar de melhor direção de arte. Recebeu críticas positivas, o New York Times escreveu: "Sr. Berkeley esconde ideias maliciosas por trás dessas cenas, um ou dois de seus espetáculos de dança parecem provir diretamente de Freud".
76)
No ano seguinte, Miranda fez uma aparição em Quatro Moças num Jipe, um filme
baseado numa aventura real das atrizes Kay
Francis, Carole Landis, Martha Raye e Mitzi Mayfair. O elenco conta com
as participações de Alice Faye e Betty Grable, em aparições
curtas, cada qual cantando um de seus antigos sucessos numa estação de rádio,
como se estivessem sendo transmitidos para os soldados.
77)
Em 1944, Miranda também estrelou com Don Ameche em Serenata Boêmia, um musical
da Fox com William
Bendix e Vivian
Blaine. O filme foi mal recebido; para o New York Times a formula Miranda-Ameche perdera a magia,
principalmente porque "Don Ameche representa com o ar de um
substituto". Peggy Simmonds, em sua revisão para o Miami Daily
News disse que "felizmente Serenata Boêmia é
feito em Technicolor e tem Carmen Miranda. Infelizmente para Carmen Miranda, a
produção não lhe faz justiça, o efeito geral é decepcionante. Ela não tem a
vantagem de ter boas falas como em seus últimos filmes, mas ainda assim brilha
sempre que aparece".
78)
O terceiro filme com Carmen Miranda lançado em 1944
foi Alegria, Rapazes!, uma
comedia baseada num musical de sucesso da Broadway do ano anterior, com música
e letras de Cole Porter. Este seria o primeiro dos seus filmes
sem William Le Baron ou Darryl
F. Zanuck como produtor. No lugar deles, o responsável pela produção
era Irving Starr, encarregado da segunda linha de filmes
de estúdio. Para a revista Time o filme "acaba por ter nada de muito
notável".
79)
Em 1945, Carmen Miranda foi a mulher mais bem paga
dos Estados Unidos, segundo o Departamento do Tesouro, ganhando
mais de 200 mil dólares no ano.
80)
Com o fim da Segunda Guerra Mundial, os filmes
seguintes de Carmen Miranda na 20th Century
Fox foram feitos em preto-e-branco, o que refletia o
interesse cada vez menor de Hollywood nela e
na representação dos latino-americanos em geral. A Carmen monocromática apresentada
nestes musicais não era o que o público esperava, e isso, sem dúvida,
contribuiu para reduzir o apelo de bilheteria do musical Sonhos de Estrela (1946), no qual Miranda foi rebaixada para a
quarta posição no elenco. Seu papel de Chita Chula era anunciado no filme como
"a pequena dama do Brasil", e não passava de um personagem cômico
infinitamente alegre confidente da personagem principal, Doll Face interpretada
por Vivian Blaine. O número musical intitulado "True
to the Navy" em que Carmen aparece com turbante em forma de farol ao lado
dos membros do Bando da Lua vestidos
de marinheiro foi cortada do filme a pedido da Marinha americana.
81)
Seu filme seguinte, Se Eu Fosse Feliz (1946), uma refilmagem de Mil Vezes Obrigado, de 1935, foi feito quando ela não estava mais sob
contrato com estúdio, e Miranda foi novamente o quarto nome do elenco, nele
havia todos os elementos que caracterizavam seus últimos personagens: o forçado
sotaque caricato, além de seus figurinos característicos. Lançado em 2 de
setembro de 1946, o filme recebeu críticas desfavoráveis
por parte da imprensa, Bosley
Crowther do The New York Times chamou de "uma das mais ridículas histórias que
já impressionou."
82)
Se em 1945 Carmen Miranda se tornara
a mulher mais bem paga dos EUA, em 1946 seu nome não aparecia na lista dos
"30 mais bem pagos de Hollywood" coligida por Variety,
e nenhum dos seus filmes figurava entre os "60 mais rentáveis daquele
ano". Com o fim de seu contrato em 1 de janeiro de 1946, ela tomou a decisão de prosseguir a sua carreira de atriz livre das
limitações dos estúdios. Sua ambição era mudar sua imagem e assumir papéis
diferentes no cinema, com isso aceitou uma oferta da United Artists de desempenhar o principal
papel na comédia Copacabana ao lado de Groucho Marx. No
entanto, fragmentos de sua velha caricatura foram mantidos neste musical, no
qual ela interpreta dois papéis distintos, o da loira Mademoiselle Fifi, e o da
cantora brasileira Carmen Navarro. Copacabanarecebeu
críticas positivas e obteve breve sucesso em Nova Iorque, a Variety reconheceu
que "Miranda deu bem conta do papel semiduplo, brilhando na comedia".
Porém o filme não atraiu comentários entusiásticos nem as multidões que os
musicais da Fox haviam atraído durante a guerra, e por melhor que fosse a sua
atuação, representar dois papeis quase idênticos ao dos seus antigos filmes,
significava que ela não havia conseguido escapar do seu esteriótipo.
83)
Embora sua carreira cinematográfica estivesse em
declínio, a carreira musical de Carmen Miranda permaneceu sólida, ela ainda era
uma atração popular em casas noturnas e na televisão. De 1948 a 1950, Miranda
se uniu com Andrews
Sisters para produzir e gravar uma série de singles pela Decca
Records.
84)
Seu projeto seguinte no cinema foi um filme produzido
por Joe Pasternak para a MGM, O Príncipe Encantado, lançado em 1948, era uma comédia em que Miranda
aparece a maior parte das vezes sem a roupa de "baiana", utilizando
trajes simples porém atraentes, criados por Helen Rose. Os
críticos concordaram que ela era o melhor que um filme sem maior interesse
tinha a oferecer, o New York Times observou que "os momentos mais
alegres" cabiam a Carmen Miranda, "cuja voz permanece uma fonte de
delicado espanto para este observador". O sucesso de bilheteria foi
tal que no final de 1948 A Date
with Judyficou em nono lugar na lista dos espetáculos mais rendosos, o
primeiro lugar foi de A Caminho do Rio um filme que se destacava pela imitação
que Bob Hope fazia de Carmen Miranda.
85)
Na primavera de 1948, Miranda embarcou em uma turnê de
seis semanas no London
Palladium, a partir de 26 de abril. A Europa, e
especialmente Londres, era então o principal escoadouro para os artistas
americanos durante o pós-guerra. Em 1950 Carmen Miranda apareceu em uma outra
produção de Joe
Pasternak, o musical Romance Carioca, uma refilmagem de Rival Sublime, era
estrelado por Ann Sothern e Jane Powell com Barry
Sullivan e Louis
Calhern no elenco principal. O St. Petersburg Times descreve-o
como "um filme totalmente agradável" mas "o technicolor não é
muito gentil com Ann Sothern, que parece muito mais velha, ou para uma loira
Carmen Miranda, que perde um pouco de sua atratividade".
86)
Em seu último filme, Morrendo de Medo (1953) estrelado pela dupla Dean Martin e Jerry Lewis, ela acabou
representando um papel secundário e que pouco aparece na história, o filme foi
duramente criticado, o New York Times disse que "Embora Miranda apareça cheia de
animação e execute uma duas vezes o seu tipo especial de dança e canto, seu
único serviço apreciável é dar a deixa para Lewis num número em que faz uma
imitação dela, que não é nada boa". A maioria de suas cenas foi
eliminada na sala de montagem. Ainda em 1953, Miranda empreendeu uma
excursão pela Europa, uma turnê de shows que levou-a a 14 cidades na Itália, Suécia (chegou
a receber simbolicamente as chaves da cidade de Estocolmo), Finlândia, Bélgica e Dinamarca.
87)
Desde o início de sua carreira americana, Carmen
Miranda fez uso de barbitúricos para poder dar conta de uma agenda extenuante.
Adquiria as drogas com receitas médicas pois, na época, elas eram receitadas
pelos médicos sem muitas preocupações com efeitos colaterais. Nos Estados
Unidos, tornou-se dependente de vários outros remédios, tanto estimulantes
quanto calmantes. Por conta do uso cada vez mais frequente, Miranda desenvolveu
uma série de sintomas característicos do uso de drogas, mas não percebia os
efeitos devastadores, que foram erroneamente diagnosticados como estafa
(cansaço) por médicos americanos.
88)
Em 3 de
dezembro de 1954, ela retornou ao Brasil após
uma ausência de 14 anos viajando, Carmen Miranda continuava casada e estava
passando por problemas conjugais com o marido. Seu médico brasileiro constatou
a dependência química e tentou desintoxicá-la. Para isso ela precisou ficar
internada por quatro meses numa suíte do hotel Copacabana
Palace. Miranda melhorou, embora não tenha abandonado
completamente remédios. Os exames realizados no Brasil não constataram
alterações de frequência cardíaca.
89)
Ligeiramente recuperada, Carmen Miranda retornou para
os Estados Unidos em 4 de abril de 1955. Imediatamente começou com as
apresentações. Fez uma turnê por Las Vegas,
para a inauguração do Cassino New Frontier, onde ficou por seis semanas, em
seguida embarcou para uma temporada de duas semanas no clube Tropicana em Havana, Cuba.
90)
De volta a Los Angeles, ela
recebeu uma proposta da CBS de ter seu próprio programa semanal na
televisão, The Carmen Miranda
Show, que seria co-estrelado com Dennis
O'Keefe, em um gênero parecido com I Love Lucy. Mas antes disso, concordou em gravar uma
participação no programa de Jimmy
Durante para a NBC em 4 de agosto de 1955.
91)
Carmen Miranda foi encontrada morta em um corredor de
sua casa em Beverly
Hills na manhã de 5 de agosto de
1955. A atriz havia terminado na noite anterior as filmagens de um episódio
do The Jimmy Durante Show para a
NBC. Após o último take, Miranda e Durante fizeram uma performance improvisada
no set para o elenco e técnicos. E em seguida alguns membros do elenco e amigos
foram convidados por ela para uma pequena festa em sua casa.
92)
Era cerca de 03:00 quando ela subiu as escadas para
seu quarto. Miranda tirou a roupa, colocou seus sapatos de plataforma em um
canto, acendeu um cigarro e colocou-o em um cinzeiro e foi ao banheiro retirar
a maquiagem. Carmen Miranda aparentemente veio do banheiro com um pequeno
espelho circular na mão, e no pequeno corredor que leva a seu quarto, caiu no
chão e morreu de um ataque cardíaco, ela tinha 46 anos. Seu corpo foi
encontrado a cerca 10:30 caído no corredor.
93)
Seu médico particular, Dr. WL Marxer, foi chamado as
pressas, mas ela já estava morta. Ele disse ao Los Angeles Times que Carmen
Miranda não tinha histórico de problemas cardíacos e que, além de uma breve
bronquite nas últimas semanas a estrela encontrava-se em perfeita saúde.
94)
Aurora
Miranda, sua irmã, recebeu na mesma madrugada um telefonema
do médico de Carmen avisando sobre o falecimento. Heron
Domingues, da Rádio
Nacional do Rio de Janeiro, foi o primeiro a noticiar a morte da
cantora em edição extraordinária do Repórter Esso. Todas as emissoras interromperam suas programações
para darem, em edição extra, o triste acontecimento. Edições extras de jornais
ainda circularam no próprio dia 5, no sábado era manchete em todos os jornais
do país e do mundo.
95)
Somente na manhã do dia 12 de agosto, o avião
Douglas DC-4 Skymaster da Real-Aerovias Brasil, em voo
especial, pousava no Aeroporto do Galeão, no Rio,
trazendo o corpo de Carmen Miranda. Em um caminhão aberto do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal e
envolto com a bandeira do Brasil, o ataúde de bronze foi levado para o
centro da cidade escoltado por batedores da Policia Especial em motocicletas,
com sirenes abertas. Por todo o trajeto milhares de pessoas se despediram.
Antes da saída do cortejo, o presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro,
Salomão Filho, falou dando o ultimo adeus, em nome da cidade, à
artista. Sessenta mil pessoas compareceram ao seu velório realizado no
saguão da Câmara Municipal da então capital federal. O cortejo fúnebre até
o Cemitério São João Batistafoi
acompanhado por cerca de meio milhão de pessoas que cantavam esporadicamente,
em surdina, "Taí", um de seus maiores sucessos. Foi a maior
manifestação popular feita no Rio de Janeiro até hoje.
96)
No ano seguinte, o prefeito do Rio de Janeiro
Francisco Negrão de Lima assinou um decreto criando o Museu Carmen Miranda, o qual
somente foi inaugurado em 1976 no Aterro do Flamengo. Hoje, uma herma em
sua homenagem se localiza no Largo da Carioca, Rio de Janeiro.
97)
No Brasil, Carmen
Miranda namorou o jovem Mário Cunha, remador do Flamengo e o bon vivant Carlos da Rocha Faria, filho de uma tradicional
família do Rio de Janeiro e também o músico Aloysio de Oliveira, integrante do Bando da Lua.
98)
Nos Estados
Unidos, manteve breves romances com o mexicano Arturo de Córdova, os americanos John Payne, Dana Andrews, Harold
Young e Donald Buka, além de uma paixão tórrida com o
brasileiro Carlos
Niemeyer, na época piloto da Força Aérea Brasileira.
99)
Foi durante as filmagens de Copacabana (1947) que Carmen Miranda conheceu seu futuro
marido, David Sebastian (1908-1990), que nos créditos aparece como assistente
de produção. Cuidava dos interesses do irmão, co-financiador do filme. Os
dois se casaram no dia 17 de março de 1947 na Igreja do Bom Pastor em Beverly
Hills, em uma cerimônia celebrada pelo reverendo Patrick J.
Concannon. O casamento é apontado por todos os seus biógrafos como o começo de
sua decadência moral e física. Seu marido, antes um simples empregado de
produtora de cinema, tornou-se seu "empresário" e conduzia mal seus
negócios e contratos. Também era alcoólatra e pode ter estimulado ela a
consumir bebidas alcoólicas, das quais logo se tornaria dependente. O
relacionamento entrou em crise já nos primeiros meses, por conta de ciúmes
excessivos, brigas e traições. Em 27 de
setembro de 1949 o casal chegou a anunciar a
separação alegando "dificuldades conjugais". Mas dois meses
depois, reataram o matrimônio.
100)
Carmen Miranda era uma católica convicta e não
aceitava o desquite. Após diversas tentativas frustradas para conseguir ser
mãe, ela conseguiu engravidar em 1948, mas sofreu um aborto espontâneo no início da gestação, em Nova York, depois de
uma apresentação, e ficou hospitalizada por alguns dias. Devido a forte
hemorragia, que comprometeu seu aparelho reprodutor, a artista não conseguiu
mais engravidar, o que agravou demais suas crises depressivas, levando a um uso
excessivo e descontrolado de bebidas, cigarros, anti-depressivos e calmantes.
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