BONI




1)   José Bonifácio de Oliveira Sobrinho “Boni” (Osasco30 de novembro de 1935), é um publicitárioempresário e diretor de televisão brasileiro.
2)   Aos quinze anos, mudou-se para o Rio de Janeiro, para iniciar carreira no rádio.
3)   Recomendado por um tio, conseguiu um estágio como ajudante de Dias Gomes, então diretor da Rádio Clube do Brasil.
4)   Tempos depois, Dias Gomes o encaminhou para um curso de rádio, promovido pela prefeitura da cidade, na Rádio Roquette Pinto, onde teve as primeiras noções de locução e redação.
5)   Em 1950, foi contratado como redator do programa "Clube Juvenil Toddy", da Rádio Nacional.

6)   Na Rádio Nacional.conheceu o radialista e humorista Manuel de Nóbrega, que estava à procura de redatores para trabalhar na filial paulista da rádio, então em fase de implantação. 
7)   Tinha, porém, uma tia em São Paulo que, por ser cabeleireira, era amiga da esposa de Manoel de Nobrega, que era de rádio, e também da esposa de Rodolfo Lima Martensen, grande nome na publicidade.
8)   Em 1951, retornou a São Paulo, para trabalhar como secretário pessoal de Manuel de Nóbrega e integrante da equipe de redatores da Rádio Nacional de São Paulo.
9)   Em 1953, o jovem redator de 17 anos, aceitou o convite para trabalhar na Rádio Tupi.
10)                     Na TV Tupi, dirigida por Dermeval Costalina e Cassiano Gabus Mendes, Boni exerceu diversas funções, entre elas as de produtor, diretor e redator do programa "Grêmio Juvenil Tupi".
11)                     Depois foi para a TV Paulista, canal 5, trabalhar como assistente do diretor artístico da emissora, Roberto Corte Real.

12)                     Boni aprendia rápido e rapidamente também mudava de emprego. 
13)                     A situação econômica da emissora, entretanto, estava muito ruim e, por isso,  ele foi trabalhar como redator da Rádio Bandeirantes em São Paulo.
14)                     Em 1955, tornou-se chefe do Departamento de Rádio e Televisão da agência de publicidade Lintas Propaganda, onde trabalhou ao lado de Rodolfo Lima MartensenJosé ScatenaMaria Augusta Barbosa de Mattos, a Guta, que mais tarde viria a coordenar o elenco da TV Globo, no Rio de Janeiro.
15)                     Na mesma época, foi o diretor de propaganda da gravadora RGE, lançando discos de artistas como Maysa e Chico Buarque de Holanda, entre outros.
16)                     Depois de passar por um treinamento na agência de publicidade J. W. Thompson, no Reino Unido, e na NBC, em Nova York, em 1957, assumiu a direção de criação da Linx Filmes, a primeira empresa de filmes comerciais para a televisão. Exerceu essa função até 1959.
17)                     No ano seguinte, passou a chefiar o Departamento de Criação de Rádio e Televisão da agência Multi Propaganda, em São Paulo, onde trabalhou com Jorge Adib. Foi também chefe do Departamento de Rádio e Televisão da agência Alcântara Machado, em São Paulo.
18)                     Em 1962, assumiu a direção artística da Rádio Bandeirantes e, em 1963, criou – e depois vendeu – sua própria agência, a Proeme Publicidade e Mercadologia.
19)                     Também naquele ano, trabalhou na TV Rio, a convite de Walter Clark – de quem já era amigo desde os tempos da Lintas.
20)                     Após rápida passagem pela TV Excelsior, em 1964, foi trabalhar na Tv Tupi.
21)                     Na TV Tupi implantou o Telecentro das Emissoras Associadas, o que possibilitaria concretizar o sonho de criar uma televisão nacional, operando com uma só programação, porém o projeto não vingou.
22)                     Em São Paulo foi logo à Televisão Tupi e ali começou a escrever o “Gremio Juvenil Tupi”, no estilo do que fazia no Rio de Janeiro.
23)                     Em 1966 Boni voltou à TV Tupi, já como diretor do “Telecentro” . Tinha já passado por quase todas as emissoras de televisão e três ou quatro agências de publicidade.
24)                     Nessa época fundou sua própria agencia, a “Proeme”.
25)                     Walter Clark fez novo convite a Boni em 1967, desta vez para que ele ocupasse a chefia da direção de programação e produção da Rede Globo.
26)                     Era a oportunidade de tentar mais uma vez criar uma rede nacional de televisão.
27)                     A ideia da rede seria viabilizada em 1969, quando a Embratel inaugurou o seu sistema de micro-ondas. O marco efetivo do início da rede foi a estreia, em setembro daquele ano, do Jornal Nacional, primeiro programa regular transmitido ao vivo para todo o país.
28)                     Ao lado de Walter Clark, Boni concebeu o formato básico da programação da TV Globo até hoje, com a grade do horário nobre formada por três novelas, o Jornal Nacional entre a segunda e a terceira, e uma atração especial a seguir.
29)                      Logo depois, apareceu em sua vida o Roberto Marinho e a TV Globo. Foi a mudança de tudo. 
30)                     Nada mais de saídas e entradas em outras emissoras. Boni ficou aí permanentemente. E, já que conseguiu “carta-branca”, fez de tudo.
31)                     Foi acertado com o Dr. Roberto uma participação nos lucros, que demorou para vir, uns três ou quatro anos.
32)                     Boni promoveu também importantes mudanças na área artística da TV Globo. Foi ele que concluiu ser imprescindível mudar os rumos da teledramaturgia da emissora, ainda presa ao gênero capa e espada, ao perceber o filão que havia sido aberto com o sucesso da novela "Beto Rockfeller", exibida em 1968 na TV Tupi, com direção de Walter Avancini e Lima Duarte.

33)                     Com o aval de Walter Clark, apostou em uma dramaturgia mais realista que retratava o cotidiano brasileiro contemporâneo, tendo sido responsável pela entrada de Daniel Filho, Dias Gomes e Janete Clair na Rede Globo.
34)                     Era responsável por todas as áreas de programação da emissora, inclusive o jornalismo, que esteve sob a sua supervisão até a entrada de Evandro Carlos de Andrade na direção da Central Globo de Jornalismo (CGJ), em 1995.
35)                     Mas Boni perseverou. Imaginou e implantou uma grade ideal de programação na TV Globo. E daí conseguiu chegar ao ponto almejado, que era a rede nacional de televisão. E tudo dentro de um trabalho bem feito, reunindo bons profissionais.
36)                     Ele, mais o Walter Clark e o Joe Wallack exerceram uma liderança forte e começaram a lançar uma programação imbatível em todo o Brasil. Foram feitos links.
37)                     Esteve envolvido na criação de vários programas, como o Fantástico (1973), o humorístico Superbronco (1979), protagonizado pelo comediante Ronald Golias, o Você Decide (1992) e o seriado Mulher (1998).
38)                      Chegou até a escrever as letras dos temas de abertura de vários programas, como os do Fantástico (1973) e das novelas "Que Rei Sou Eu?" (1989) e "Tieta" (1989).
39)                     Em 1970, passou a ser o superintendente de Produção e Programação da Rede Globo.
40)                     Foram lançadas novelas de êxito total, como: “Irmãos Coragem”, “Véu de Noiva”, “Gabriela”, adaptada por Walter George Durst, outra grande aquisição.
41)                      “Roque Santeiro” deu muito trabalho com a censura, mas acabou, dez anos depois, sendo um grande sucesso. 
42)                     Sem dar muita importância às dificuldades, continuava Boni, que se transformou no “todo poderoso”, e que recebe elogios de toda a classe.

43)                     Entre 1969 e 1971, também foi membro da Convenção Internacional da National Association Broadcasting (NAB) dos Estados Unidos e da União Europeia de Radiodifusão.
44)                     Em 1980Roberto Irineu Marinho já ocupava a vice-presidência da Rede Globo de Televisão, e Boni assumiu a vice-presidência de operações da emissora carioca, função que exerceu até 1997, quando foi substituído por Marluce Dias da Silva.
45)                     Permaneceu, como consultor da emissora até 2001.
46)                     Desde 2003, é sócio, com seus quatro filhos, da TV Vanguarda, afiliada à Rede Globo no interior de São Paulo.
47)                     José Bonifácio de Oliveira Sobrinho foi apelidado pela mãe de Boni, desde a infância.
48)                     O apelido do pai do Boni era Caçula.
49)                     O apelido da mãe do Boni era  “Quina” .
50)                      O pai morreu quando o garoto só tinha sete anos e então ele foi enviado para um colégio interno, o Liceu Coração de Jesus, na capital paulista.
51)                     Boni se ligou tanto ao dramaturgo, Dias Gomes que “ia junto até no banheiro”.


52)                     Quando estava na Agência Lintas, criou assim “Lever no espaço”, primeiro tele-teatro sobre ficção científica.
53)                     “Tirando de letra” as dificuldades com a censura, as exigências do Ibope, os problemas com a classe artística, onde, às vezes, precisou ser psicólogo ou psiquiatra, o rapaz foi comandando com galhardia sua nave (Rede Globo).
54)                     Boni diz que se orgulha de ter criado o “Projac”, cidade cenográfica da Globo, e onde atualmente ela está instalada. 
55)                     Hoje Boni é apenas consultor da TV Globo, e tem contrato com ela até dois mil e um. Se diz um pouco em “dieta” , está desintoxicando, mas com um desejo escondido de voltar à luta, “e de namorar de novo” sua eterna namorada, a televisão. 
56)                     Considerado “gênio” por todos os colegas e toda a mídia, ele responde meio encabulado: “Que nada. O que eu sou é aplicado”. 
57)                     José Bonifácio Brasil de Oliveira (São Paulo4 de novembro de 1961), é um diretor de televisão brasileiro. É funcionário da Tv Globo e filho do Boni.


58)                     Marluce Dias da Silva (Recife30 de novembro de 1950), foi diretora geral da Rede Globo de 1998 a 2002, ocupando o cargo que foi de José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o "Boni".
59)                     Octávio Florisbal (São Paulo20 de maio de 1940) foi diretor-geral da Rede Globo de setembro de 2002 até 31 de dezembro de 2012 e, atualmente, é membro do conselho de gestão do Grupo Globo. Quem ocupou o cargo que já foi de Boni.
60)                     Anos atrás,  José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, um dos maiores especialistas em televisão no Brasil, volta a exibir seu inegável talento. Ele é um dos sócios da TV Vanguarda, uma nova afiliada da Globo.
61)                      Além disso, Boni está envolvido no surgimento de uma empresa de consultoria voltada para a criação de novas emissoras.
62)                     No Brasil somente uma emissora tem investido pesado no talento brasileiro, que é a Globo.
63)                     Boni Imagina que um país precisa de um sistema de televisão competitivo do ponto de vista artístico, comercial e cultural. Falta renovação.

64)                     Não me oponho, o Big Brother é um fenômeno no mundo inteiro. Me rendo ao sucesso. Mas num país onde você tem grandes atores e grandes autores, você subestima isso com atores medíocres. 
65)                     Para Boni, artista que não rende mais nem dá audiência como antes deve ficar numa espécie de reserva técnica da Globo, fazendo participações em programas fixos da grade e estrelando especiais uma vez por ano.
66)                     O ex-todo-poderoso considera Fausto Silva, Ana Maria Braga e Luciano Huck grandes vendedores de produtos. O que eles anunciam vende.
67)                     Boni diz que Xuxa poderia ter continuado na Globo, seguindo o modelo que ele, antes de deixar o cargo, acertou.
68)                     Renato Aragão, que apresenta o ‘Criança Esperança’ e protagoniza especiais de fim de ano. “Não precisa ficar até o fim da carreira. Ele não podia continuar fazendo programa levando bofetada e caindo de cadeira”.
69)                     Boni classifica como “uma bobagem” a polêmica em torno do beijo gay das personagens de Fernanda Montenegro e Nathália Timberg em ‘Babilônia’.
70)                     Para uma novela ser bem-sucedida, ele diz que a história tem que ser boa e existir um equilíbrio de forças entre vilões e herói (heroína).
71)                     Não aguenta mais os jogos de toda quarta-feira, por causa da repetição e da baixa qualidade do espetáculo.
72)                     Um dos maiores orgulhos de Boni é o ‘Jornal Nacional’. “Conseguimos criar um telejornal com informação para o país todo, ao vivo.
73)                     Um dos maiores orgulhos de Boni é o ‘Jornal Nacional’. “Conseguimos criar um telejornal com informação para o país todo, ao vivo. Era um desafio muito grande e um projeto polêmico, porque havia várias maneiras de implantar. Mas não inventamos o modelo, copiamos o da TV americana, que já estava no ar há mais de 20 anos”, conta. “Assisto ao ‘JN’ hoje sempre com olhar crítico. Mas minha paixão na TV é o jornalismo, é o que vai manter a TV aberta funcionando”.

74)                     Boni admite que um dos grandes erros foi a cobertura da campanha ‘Diretas Já’ e a edição do debate entre Lula e Collor.
75)                     Apesar de algumas ressalvas, Boni aponta a Globo como a melhor emissora do país, sem concorrente em programação e qualidade. “Ela faz uma ótima televisão e ponto final. O resto não faz. Segue a linha da mesmice. Acho uma pena que a Globo tenha eliminado esses programas que iam ao ar uma vez por mês, como o ‘Casseta & Planeta’, baseado numa fórmula econômica”.
76)                     Boni destaca o excesso de exposição no horário nobre. “O ‘Jornal Nacional’ hoje está com 40 minutos, antigamente era 30. A novela tem uma hora de duração, antes era 40. O horário nobre da TV está com uma hora e 40 minutos, ocupado apenas por dois programas. Isso aí significa exposição das pessoas”, diz ele, que defende o descanso para os artistas de toda a programação.
77)                     “A televisão é uma máquina que consome o talento das pessoas que estão no vídeo. A preocupação em preservar atores, apresentadores, diretores e autores deve ser constante. É um desgaste brutal”.
78)                     Nos primeiros anos na Globo, Boni não recebia salário. Fez um contrato de risco. Ao lado do diretor Walter Clark, traçou uma meta de montar a rede, criar uma programação de qualidade e colocar a emissora entre as primeiras do país em cinco anos. “Conseguimos em três”.
79)                     O famoso “padrão Globo de qualidade”, foi um método de trabalho seguido com rigor. “Às vezes, quando vejo algum deslize na programação, sofro muito, porque tenho medo que as pessoas joguem fora isso, não é apenas um padrão técnico, é uma questão artística”.
80)                     Depois de lançar o ‘Livro do Boni’ em 2011, contando sua trajetória na televisão e particularmente sua história de sucesso na Globo, Boni já tem ideia para escrever um segundo livro, ainda sem previsão de lançamento. Recentemente, ele recebeu de sua antiga emissora um calhamaço de memorandos que produziu em 31 anos de trabalho.
81)                     "O CDOC (Centro de Docmentação da TV Globo) guardou tudo. E a Globo me deu de presente. São cerca três 3 mil memorandos que escrevi, alguns com textos instrutivos, em que falo como tem que fazer um programa ou como um câmera tem que enquadrar uma cena”.
82)                     Dono da TV Vanguarda, afiliada da Globo, ele esclarece que 70% da programação é de conteúdo da sua antiga emissora, enquanto os outros 30% são de produção local. “Dá para fazer experiências interessantes, criar um contato com a comunidade. Somos um canal com 100% digital. Temos diversas inovações. O manual de implantação do digital da Vanguarda, por exemplo, é adotado pela Globo”.
83)                     Fui patrão e empregado de diversas empresas, mas em nenhum momento tive a liberdade que o doutor Roberto me deu. Quando fomos contratar a Embratel e pôr o Jornal Nacional no ar, que tinha um conteúdo político, levamos ao doutor Roberto o que a gente queria fazer e ele disse: “Não quero nem saber, vocês tomam conta disso. É com vocês”. 
84)                     Esse rótulo de padrão Globo de qualidade, não fomos nós que criamos. Esse rótulo foi criado pela imprensa. Sempre fui intolerante. Éramos um grupo que tinha tolerância zero em relação a erros, a defeitos, a tudo. Cheguei uma vez a mandar refazer quatro capítulos de Gabriela (novela exibida em 1975, adaptada por Walter George Durst, do romance Gabriela, Cravo e Canela, de Jorge Amado) por causa do esmalte da Sônia Braga (a protagonista), que não estava de acordo com a personagem. Tive grandes parceiros intolerantes, o Daniel Filho, o Borjalo (pseudônimo de Mauro Borja Lopes, diretor-geral da Central Globo de Produção, na época). Eram uns 20 caras lá, chatos. Quando ocorria um erro, a gente saía logo vendo normas para que aquilo nunca mais acontecesse. 
85)                     Sempre fui um péssimo marido, mas não por questão de fidelidade. Saindo do trabalho, cansado, não ia para casa. Ia encontrar o Vinicius de Moraes, o Tom Jobim, tomar um uisquinho com eles para relaxar... Assistia a quase todas as gravações. Esquecia que tinha casa. 
86)                     Nos primórdios da TV, os folhetins eram veiculados apenas de segunda a sexta, em uma estrutura adaptada do rádio. No sábado de Carnaval de 1971, Boni editava imagens que chegavam dos desfiles quando um incêndio em um carro da emissora interrompeu as transmissões. Para evitar um buraco na programação, pôs no ar um capítulo inédito de Irmãos Coragem. A audiência foi às alturas. O chefão decidiu que, a partir dali, as tramas seriam exibidas seis vezes por semana.
87)                     É natural que, ao ocupar um cargo tão alto e com tanto poder, Boni tivesse uma relação especial com o proprietário da emissora, Roberto Marinho. Quando, por exemplo, era interpelado ao telefone e não sabia o que dizer, simplesmente desligava o aparelho. “Ele se informava sobre o assunto e depois telefonava de volta para a pessoa dizendo que a ligação havia caído”, relata.
88)                     Há ainda situações engraçadas envolvendo o patrão (Roberto Marinho), como uma confusão ocorrida em 1988 a respeito de um pedido do então cardeal-arcebispo do Rio, dom Eugênio Salles. No auge do sucesso de Vale Tudo, naquele ano, Dr. Roberto, como era chamado, recebeu um telefonema do religioso solicitando que a cena do casamento de Maria de Fátima, “a galinha mau-caráter” vivida por Glória Pires, não fosse ao ar. Boni procurou Daniel Filho, então responsável pela teledramaturgia da Globo, para cortar as imagens. Já era tarde, o capítulo havia sido transmitido um dia antes. Receoso, achou por bem ficar quieto. Dias depois, o chefe o chamou novamente a sua sala. Dessa vez às gargalhadas. “Ele havia se confundido e a galinha a que o cardeal se referia não era da novela, era uma ave de verdade, que aparecera de véu e grinalda em uma paródia no TV Pirata”.
89)                     Apesar da convivência próxima, Marinho nunca percebeu, por exemplo, que Boni tinha aversão a relógios de pulso. Tanto que, a cada aniversário, sempre o presenteava com um modelo diferente.
90)                     Boni teve momentos e assuntos incômodos para a emissora, como a relação da empresa com o regime militar. Da mesma forma que sofria pressões da censura (segundo Boni, os censores reclamavam muito do Programa do Chacrinha, em virtude das tomadas de câmera audaciosas das chacretes e do tamanho do biquíni das moças), a emissora sempre se esforçou para não desagradar aos donos do poder.
91)                      Em 1984, o departamento de jornalismo foi proibido por Marinho de mostrar o comício da Praça da Sé, em São Paulo, durante a campanha das Diretas Já. Na ocasião, o relacionamento entre a Globo e o então presidente João Baptista Figueiredo estava estremecido em decorrência da distribuição de concessões ao SBT e à Manchete, o que aumentou a concorrência no setor. “Ele temia que, se apoiasse a campanha, poderia perder a concessão de sua TV”.

92)                     Boni revela também que foi durante a ditadura que Walter Clark, outro gênio da televisão, começou a se afastar da emissora. Ele se revoltou quando a direção cedeu à pressão dos generais e substituiu o dono de uma afiliada no Paraná, no caso Paulo Pimentel, um político em ascensão na época. “A gota d´água foi um jantar em Brasília, em 1977, quando o Walter bebeu mais do que devia e saiu xingando todo mundo”, conta Boni.

93)                     Segundo Boni, não havia artistas proibidos. Aliás, havia só um: Tim Maia. “Depois de faltar a sucessivos programas, virou persona non grata.”
94)                     Hipocondríaco convicto, tem uma biblioteca de livros de medicina e toma mais de dez vitaminas por dia. 
95)                      Boni dedicou anos de sua carreira à Rede Globo, sendo um dos principais responsáveis para o crescimento da emissora, que hoje é uma das maiores do mundo.
96)                     Por que saiu da Globo¿ “A gota d’água, a gente pode dizer, foi o Jornalismo. Quando o Evandro (Carlos de Andrade) assumiu, ele veio para trabalhar comigo, mas logo ele começou a tomar decisões direto com o Roberto Irineu, e fez besteiras imensas”.

97)                     Ele falou ainda sobre as novelas e sobre Janete Clair, que foi considerada uma das maiores dramaturgas do país. “A Janete sempre dizia que a novela não tinha que ser a verdade, mas tinha que ser verossímil”, conta o diretor.

98)                     “Se uma novela é muito violenta, a outra tem que ser mais tranquila, mais romântica, mais comédia, senão o cara não aguenta. A vida imita a arte, mas quando a arte começa a imitar a vida, fica meio pesado”, conclui ele.

99)                     Apaixonado por vinhos e gastronomia, Boni é dono de uma coleção com mais de 5.000 garrafas e mantém na cobertura onde mora, em São Conrado, e em sua casa de Angra dos Reis.cozinhas equipadíssimas com fornos e aparelhos que superam as de grandes restaurantes cariocas.

100) Hoje Boni se divide entre Rio, São Paulo e viagens internacionais, como visitas a vinhedos e grandes restaurantes mundo afora. 




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