ADOLFO
BLOCH
1)
Adolpho Bloch (Jitomir, Ucrânia, 8 de outubro de 1908 — São Paulo, 19 de novembro de 1995) foi um dos mais importantes empresários da imprensa e televisão brasileira.
2)
Fundador do grupo de mídia que levava seu sobrenome.
5)
Seu nome de nascimento em russo era Avram Yossievitch Bloch.
6)
O fato da família Bloch ser de origem judaica fez com que se
envolvessem em muitos problemas em 1917, na época da Revolução Russa.
7)
Um desses problemas era a fome.
8)
assim, junto com dezessete parentes, Adolpho Bloch deixou sua
localidade natal, Jitomir, para morar em Kiev.
11)
Os Irmãos Karamabloch, foi escrito por seu
sobrinho-neto, Arnaldo Bloch.
13)
A família Bloch chegou à então capital federal trazendo
consigo apenas um pequeno pilão, utilizado para espremer especiarias.
14)
E foi pelo fato de chegar ao Brasil somente com o
pilão, que foi explicado o título de sua biografia "O Pilão", lançada
na década de 1980.
15)
Os Bloch investiram a pequena economia no mesmo ramo com o
qual trabalhavam quando moravam na Rússia: o gráfico.
16)
Já em 1923 compraram uma pequena impressora manual e
começaram rodando folhas numeradas para o hoje ilegal jogo do bicho.
17)
Esta era a primeira tipografia na vida de Adolpho Bloch.
19)
Na mesma década, Seu
Adolpho era amigo de artistas e políticos, além de ser frequentador
da área boêmia do Rio.
20)
No Rio De Janeiro, existia o Grêmio Recreativo Familiar Kananga do Japão, onde ele ia para as
rodas de gafieira.
21)
Esse lugar inspiraria a novela Kananga do Japão, da Rede Manchete, em 1989, da qual Adolpho foi idealizador.
22)
Em 26 de abril de 1952, Adolfo Bloch lançou o primeiro número da
revista Manchete,
publicando um semanário de âmbito nacional.
23)
A partir daí, foi o início da construção de um dos maiores
impérios de mídia da América Latina.
24)
Desde sua fundação até meados da década de 1970, a Bloch Editores ficava
sediada na rua Frei Caneca, no centro do Rio.
25)
Em seguida, a sede foi transferida para a Rua do
Russel, no bairro da Glória (Zona Sul carioca).
27)
Além da revista (que se tornou a mais lida do Brasil, ganhando projeção
mundial), outra realização de Seu
Adolpho foi a amizade com o ex-presidente Juscelino Kubitschek.
28)
Adolpho Bloch foi, para JK, um amigo muito próximo.
29)
Quando o ex-presidente faleceu, em 1976, Adolpho quase obrigou para que o corpo fosse velado
no saguão do prédio-sede de sua editora, na Glória.
30)
19 anos depois, foi a vez do próprio Bloch ser velado no
mesmo lugar.
31)
Diferentemente do que muitos imaginam, a comunicação
eletrônica nunca despertou o interesse do empresário e jornalista.
32)
Em 1980, pelas mãos dele e de seu sobrinho Pedro Jack Kapeller, foram lançadas a Rede Manchete de Rádio FM, com 5 emissoras pelo Brasil e a Rádio Manchete AM, no Rio de Janeiro.
33)
No início da década de 1980, Adolpho Bloch designou um grupo
de diretores e funcionários da Bloch Editores para cuidar do projeto da Rede Manchete de
Televisão.
34)
Quando voltou de viagem aos Estados Unidos em 1981, ele
encontrou o projeto de TV bastante adiantado, mas não estava a par de quase
nada.
35)
E mais: o investimento numa rede de televisão não estava
entre as suas prioridades, pois segundo o próprio Adolpho, queria continuar
investindo na editora e concretizar o projeto de fabricar latas de
alumínio.
36)
Ele relutava consigo e custou-lhe a ideia de ter a sua
estação de TV.
37)
Mas quando aderiu, e seguindo o seu temperamento, foi para
valer. Em 5 de junho de 1983, depois de vários adiamentos, a Rede Manchete era
finalmente inaugurada
39)
A 26 de Novembro de 1987 foi agraciado com a Grã-Cruz
da Ordem do Infante D. Henrique de Portugal.
40)
Em 1998 é inaugurada uma Escola Técnica com o seu nome,
localizada no bairro de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
41)
A Escola Técnica Estadual Adolpho Bloch é a única escola de
Comunicação da América Latina.
42)
Adolpho Bloch foi
interpretado por Sérgio Viotti na minissérie JK.
43)
“Na vida, o importante não é ser, ter ou parecer. O
importante é fazer, construir, desenvolver”. (Adolpho Bloch).
44)
A vida sozinha é digna de ser vivida, quando aparece algo na vida para você criar e
fazer). (Adolpho Bloch).
45)
Os Irmãos
Karamabloch é um livro de Arnaldo Bloch, lançado em 2008 pela Companhia das Letras, que retrata a ascensão e queda dos negócios da
família Bloch no Brasil, fundadores da Revista Manchete e
da Rede Manchete, dentre outros veículos de comunicação.
46)
O título se refere aos irmãos Bóris, Arnaldo (avô do autor)
e Adolpho (a figura central
da família), que foram apelidados de de Os Irmãos Karamabloch pelo jornalista e escritor Otto Lara Rezende, em alusão à
obra de Fiódor Dostoiévski sobre uma família recheada de conflitos, Os Irmãos
Karamazov.
47)
A
TV de Adolpho Bloch obteve altos índices de audiência e faturou muito dinheiro.
"Era a primeira e inédita derrota de Marinho", diz o jornalista
Arnaldo Bloch. Anos depois, quebrado, Adolpho saiu à caça de um salvador da
pátria. O único que poderia salvá-lo era Roberto Marinho. A história é contada
pelo próprio criador da Manchete: "Esperei quatro horas e quando entrei
ele tentou falar primeiro, mas eu fui mais rápido: ´Doutor Roberto, eu preciso
de ajuda´. Ele demorou uma eternidade para responder. “Adolpho, há dez anos eu
estou esperando você retornar o meu telefonema. Passar bem”. E a secretária me
levou até a porta".
48)
A
vingança é um prato que, às vezes, se come frio. No governo de Leonel Brizola,
a Manchete conquistou o direito de transmitir ao vivo, com exclusividade, os
desfiles das escolas de samba em 1984.
49)
"Roberto
Marinho telefonou várias vezes para Adolpho [Bloch], em busca de uma solução
compartilhada."
50)
Conluiado
com Brizola, o empresário não atendeu “El rei”.
51)
A
TV de Adolpho Bloch obteve altos índices de audiência e faturou muito dinheiro.
52)
Quando
Adolpho pôs a Manchete no ar, em 1983, conquistou até mesmo o apoio de Roberto
Marinho, depois de garantir ao rei: "Que é isso, doutor Roberto. Novela
não é coisa para mim". Marinho enviou até Boni para ajudar a montar a
tevê.
53)
Quem
espera uma biografia da família Bloch, detalhada e cronológica, deve desistir
da leitura. Mas quem gosta de boas histórias sobre uma família de realizadores,
complicados e ousados, está diante de um livro que relata bastidores
deliciosos.
54)
Diferentemente
da biografia de Roberto Marinho escrita pelo jornalista Pedro Bial, o texto de
Bloch não preserva a família nem edulcora suas histórias.
55)
É
um retrato simpático, mas nu e cru (conta até a história do avô, Arnaldo, que
morreu transando com a amante). Bóris, Arnaldo e Adolpho brigavam muito, daí o
jornalista Otto Lara Resende, empregado de Adolpho, ter chamado o três de
"irmãos Karamabloch". "Os Bloch eram um só torvelinho: uma
família solidamente unida pela desunião", disse Otto.
56)
Adolpho
ficou famoso por ter criado a revista "Manchete", que, durante certo
momento, superou a famosa "O Cruzeiro", de Assis Chateaubriand, o
Chatô.
57)
Depois,
começou a fazer água e o empresário, eternamente endividado, tentou vendê-la
para Roberto Marinho e Samuel Wainer.
58)
A
saída? A contratação do jornalista Hélio Fernandes, irmão de Millôr Fernandes e
pai do atual editor-chefe de "O Globo", Rodolfo Fernandes. Hélio
impôs uma condição: "Quero total independência na linha editorial".
"Mas não posso nem palpitar?", perguntou Adolpho. "Não. Só vai
ver a revista depois de impressa." Deu certo: a revista voltou a crescer e
a dar lucro. Tinha colaboradores como Fernando Sabino, Rubem Braga, Antônio
Maria, Leon Eliachar, Ibrahim Sued e Carlinhos de Oliveira.
59)
Apesar
do sucesso, a empresa estava sempre descapitalizada, mas Adolpho era craque na
arte de explorar os atentíssimos bancos.
60)
Relata
o jornalista Arnaldo Bloch: "E, na arte de tirar dinheiro de pedra, ele
era o rei. Criou um notável sistema de compensação de cheques, geralmente
envolvendo o Banco do Brasil e o Banco de Crédito Real de Minas Gerais, na
Praça da Bandeira. A coisa funcionava mais ou menos assim: depositava o cheque
descoberto do Crédito Real no caixa do Banco do Brasil; fazia o saque, na confiança,
com o gerente, que segurava o cheque até ele cobrir o saldo; cobria o saldo no
Crédito Real com um outro cheque, este do Banco do Banco do Brasil, contando
com a paciência do respectivo gerente; voltava ao Banco do Brasil e começava
tudo de novo". Daria, como se vê, um puta financista.
61)
Um
dia, com as torneiras fechadas pelos banqueiros, Adolpho atacou o caixa do
boteco do Joaquim. "Você está rico, Joaquim. Eu estou morrendo."
"Morrendo de quê? O senhor está até corado!" "Me dá!"
"Não dou, seu Adolpho!" "Você não era nada, eu te salvei, te dei
freguesia!" "Com todo o respeito, isso não lhe dá o direito de dispor
do meu caixa!" "Me dá!" O relato de Arnaldo: "Num acesso,
passou pela portinhola sob o balcão, invadiu a tasca, tirou o Joaquim do
caminho e avançou sobre o caixa". A caminho do banco, Adolpho gritou:
"Joaquim, você é um santo. Deus vai te pagar. E ieu [como dizia eu]
também".
62)
Noutra
ocasião, em Roma, Adolpho encontrou o poeta Paulo Mendes Campos e disse:
"Amanhã vamos ver o homem." "Que homem?", perguntou Paulo.
"Na janela. Ele aparece todo dia." "Adolpho, você é judeu e eu
sou poeta!" "Judeu, poeta, todo mundo tem que ver o papa." Foram
ver o papa Pio XII. "Quando o velhinho deu as caras e o povo o saudou,
Paulo, que cochilava em pé, acordou assustado. A seu lado, Adolpho, de braços
esticados, brandia, na direção da janela papal, um grosso maço de papel."
Paulo inquiriu: "Que merda é essa, Adolpho?" "Depois eu
explico." Só foi explicar um mês depois. Adolpho convocou Paulo e passou a
conversar, por telefone, com o banqueiro Magalhães Pinto, do Banco Nacional.
"Magalhães? Espera um minutinho que o poeta Paulo Mendes Campos vai
falar." E recomendou ao poeta: "Diz pra ele, Paulinho, quem abençoou
as duplicatas". "Foi o papa", disse o escritor. "Meia hora
depois o portador do banqueiro veio buscar os papéis que ele endossou,
pessoalmente, um a um", conta Arnaldo.
63)
O
poeta Ferreira Gullar era revisor da "Manchete" e Otto Lara Resende
convocou-o para militar na redação. "Não pode, iele [ele] é revisor",
barrou Adolpho. Lara Resende insistiu: "Adolpho, este revisor é um dos
maiores poetas brasileiros, em nascedouro!" O empresário contra-atacou:
"Mas é revisor". Certo dia, com Rubem Braga de porre, Gullar escreveu
sua crônica. "Otto, adorei a última crônica do Rubem", disse Adolpho.
"Pois saiba, Adolpho, que esta crônica do Braga na verdade foi escrita
pelo revisor Ferreira Gullar."
64)
O
jornalista e político Carlos Lacerda atacava Samuel Wainer e também o judeu
Arnaldo Bloch. Mas as irmãs de Adolpho adoravam o udenista. "Eu não voto
no senhor, mas elas sim", confidenciou Adolpho. Mina, uma das irmãs de
Adolpho, "passava horas assistindo aos discursos na tevê. O sobrinho
Leonardo implicava. Punha-se na frente da televisão, checava se havia alguém
por perto e mostrava o peru". "Olha o Lacerdaaaa!".
65)
Depois
do golpe civil-militar de 1964, "numa recepção para militares cinco
estrelas para a qual alguns homens de imprensa são convidados, Adolpho conversa
com Manuel Francisco do Nascimento Britto, do ´Jornal do Brasil´. Diz-lhe:
´Ieles [eles] não vão sair cedo de Brasília.´´Como é que você pode ter certeza,
Adolpho?´´Olha a alegria das mulheres dos generais. Você tem alguma
dúvida?´"
66)
Leal
ao senador Juscelino Kubitschek, que teve seus direitos políticos cassados,
Adolpho foi, segundo Arnaldo, a "voz fundamental a convencê-lo a partir
para o auto-exílio". Chegou a arriscar "a pele para ajudá-lo".
"´Tem judeu afrontando a Revolução´, mandaria dizer dona Yolanda Costa e
Silva, instalada no camarote vizinho ao de Adolpho, no Carnaval do Municipal,
em 1965, quando o público cantou em peso o ´Peixe Vivo´e o russo acompanhou. O
tumulto foi tal que, na saída, a primeira-dama levou até mão na bunda da
irreverência popular. Leal ao cliente e contumaz descontador de duplicatas, o
golpista Magalhães Pinto procuraria Adolpho para avisar que estavam querendo
prendê-lo. Um militar da altíssima, cruzando no calçadão da Atlântica com um
sobrinho do editor, exaltaria a coragem do homem: ´Você não é sobrinho do
Bloch? Pois vou dizer: ele tem colhão´". Naturalmente, apesar da proteção
a JK, Adolpho não fez oposição à ditadura. Pelo contrário, pragmático,
integrou-se à tese do "Brasil potência".
67)
Em
1976, JK disse ao amigo: "Quer saber, Adolpho? Bateu saudade da Maria
Lúcia [Pedrosa, amante do mineirinho]. Vou de carro para o Rio". "Não
faz isso, presidente. Vai de avião", sugeriu o dono da
"Manchete". Morto o presidente bossa nova, Carlos Lacerda visita
Adolpho e, aos soluços, o abraça. "´Ele era realmente um grande
estadista´, lamentou, em lágrimas de crocodilo", escreve Arnaldo.
68)
Chatô
e Roberto Marinho foram decisivos para a consolidação da televisão brasileira.
Mas Adolpho também deu sua contribuição. A Manchete, pelo menos no início,
talvez tenha sido a primeira televisão intelectualizada do país. O "Jornal
da Manchete" teria chegado a influenciar até mesmo o jornalismo da Globo.
Era mais penetrante. Mas Adolpho rompeu o trato com o doutor Roberto:
"Agora ieu [eu] quero novela".
69)
Não
há dúvida de que a Globo é responsável pelas melhores novelas do país. Mas a
Manchete foi a tevê que mais chegou perto do padrão globo de qualidade,
eventualmente, superando-o. Como Adolpho queria novela, o escritor e jornalista
Carlos Heitor Cony assumiu o comando do núcleo de teledramaturgia. A minissérie
"Marquesa", sobre a marquesa de Santos, estrelada pela bela Maitê
Proença e por Gracindo Jr., alcançou sete pontos de audiência.
70)
A
primeira novela foi "Dona Beija", com texto de Walter Aguiar Filho e
direção de Herval Rossano. Com Maitê e Gracindo, a novela fez sucesso.
"Chegou a bater, numa noite boa, o especial de Chico e Caetano, na Globo.
O prestígio crescia, assim como as dívidas. No governo Sarney, chegou a 30
milhões de dólares. Desorganizado, Adolpho foi roubado por funcionários
espertos.
71)
Com
a dívida se aproximando dos 100 milhões de dólares, a Manchete, ou seja,
Adolpho, investiu mais dinheiro numa grande produção, "Kananga do
Japão", com roteiro de Cony, texto de Wilson Aguiar Filho, direção de
Tizuka Yamasazi (Arnaldo escreve "Yamakazi") e estrelas do porte de
Tônia Carrero, Sérgio Brito, Cláudio Marzo, Julia Lemmertz, Christiane
Torloni.
72)
Para
tentar encher os cofres, Adolpho contratou José Wilker para a dramaturgia, ou
seja, mais novelas. Ele articulou "Corpo Santo", "Helena",
"Carmen" e "A Rainha da Vida".
73)
O
grande lance de Adolpho foi mesmo a novela "Pantanal", de Benedito
Ruy Barbosa, direção de Jayme Monjardim e estrelada pela atriz Cristiana de
Oliveira. Manchete gastou 10 milhões de dólares em sua produção. "O que
não se esperava era que, já nos primeiros capítulos, ´Pantanal´marcasse 40 por
cento de audiência, superando em dobro os picos de novelas anteriores, e
batendo a Globo de goleada. (...) Com uma audiência daquelas, a Globo tinha que
reagir. Passou a atrasar ´Rainha da Sucata´em uma hora, para fazer frente. Não
adiantou: se a audiência ficou mais dividida, a surra de ´Pantanal´era diária,
e duraria os dez meses sucessivos em que esteve no ar. Um massacre. Feito
considerado impossível desde sempre e até o fim dos tempos. E que de tal forma
marcaria a história da televisão brasileira que, desde essa época, a
tradicional novela das oito da Globo começa às nove", escreve Arnaldo, com
uma pontinha de prazer e orgulho.
74)
A
novela "Pantanal" deu dinheiro, "mas", diz Arnaldo,
"ficou um gostinho de que poderia ter sido uma enxurrada: como a tabela de
publicidade fora calculada para uma audiência trinta pontos menor, os
anunciantes faziam fila para anunciar por aquele precinho. Para tentar
compensar o prejuízo relativo, Benedito Ruy Barbosa era obrigado a alongar os
capítulos, e as seqüências de paisagens e de receitas caseiras começaram a
tomar conta da trama. Sem, contudo, afetar a audiência".
75)
Outra
jogada acertada da Manchete foi o lançamento da modelo e manequim Xuxa
Meneghel, que, com aquele jeito de menina-menino, encantou as crianças e mesmo
os adultos como apresentadora do "Clube da Criança".
76)
Depois
de "Pantanal", mesmo com outras novelas, como "Ana Raio e Zé
Trovão" e "Amazônia", a Manchete afundou.
77)
No
início da década de 1990, por conta de papagaios impagáveis, Adolpho decide
vender a Manchete. O senador pelo Distrito Federal Paulo Octávio, hoje no DEM,
um dos mais empedernidos colloridos, entra no páreo para comprá-la. A
entrevista de Pedro Collor à revista "Veja", denunciando "o esquema
de corrupção" supostamente "capitaneado" pelo presidente da
República, detonou a venda da Manchete. Adolpho decidiu negociá-la com o grupo
que dirigia o Instituto Brasileiro de Formulários (IBF), do empresário Hamilton
Lucas de Oliveira, ligado a PC Farias. O impeachment de Collor derrubou o
negócio. Em 2000 Jaquito, o herdeiro de Adolpho, "assinou a falência de
Bloch Editores". Era o fim.
78)
Uma
prova de que os poderosos tratam a imprensa, sobretudo a que está caindo, com o
maior desrespeito está na descrição do encontro de Adolpho e o presidente
Fernando Collor. O empresário diz: "Presidente, eu estou no fim".
Collor é seco: "O senhor está no fim e eu estou no começo. Com
licença". Os dois estavam no fim, a diferença é que Bloch sabia e Collor,
não.
79)
Uma
conclusão óbvia: não se faz mídia no Brasil, sem São Paulo, locomotiva do País.
80)
Prevista inicialmente para entrar no ar entre setembro e
novembro de 1982, e depois para março de 1983, em 5 de junho de 1983, um domingo, a Manchete finalmente
entrou no ar com um discurso de Adolpho Bloch, seu
proprietário.
81)
Com equipamento sofisticado e buscando uma programação classe alta, a Manchete ficou
conhecida pela sua programação baseada no forte jornalismo, na cobertura
do esporte brasileiro e internacional, apresentando grandes eventos
esportivos.
82)
As telenovelas, minisséries e séries da Manchete também fizeram história na teledramaturgia no Brasil.
83)
Além da programação própria, a TV Manchete é lembrada pelo
público por ter transmitido as produções japonesas do gênero tokusatsu e anime.
84)
Por outro lado, os caros investimentos na emissora levaram a
sucessivas crises.
85)
Em 1985, com dois anos de existência, os prejuízos da Rede
Manchete eram evidentes. A emissora entrava em sua primeira crise financeira.
86)
Bloch, em 1988, quis vender a emissora e pediu US$ 350
milhões.
87)
a década de 1990, o então
deputado Paulo Octávio fez uma proposta para Adolpho Bloch da proposta
de compra da TV Manchete por US$ 200 milhões de dólares.
88)
O sócio de Paulo Octávio era o empresário e educador João Carlos Di Genio, mas nada se concretizou.
90)
Então, a empresa IBF assumiu a Manchete, mas logo depois teve cassada
a sua gestão pela justiça.
91)
Adolpho Bloch recebeu de
volta o encargo de uma rede nacional, com os salários dos funcionários
atrasados em seis meses. Pedindo um tempo aos empregados, ele
conseguiu, em quatro meses, normalizar o pagamento da folha.
92)
Pedro Jack Kapeller se tornaria presidente da Rede Manchete em 1995
após o falecimento de seu tio, Adolpho Bloch.
93)
Em maio de 1999, Amilcare Dallevo e Marcelo de Carvalho assumiram as concessões da Manchete,
transferiram a sede para Barueri e o nome da
emissora foi mudado para RedeTV!.
94)
No final dos anos 70, Adolpho Bloch se
interessou pela televisão, o único meio de comunicação onde ainda não atuava.
95)
O Grupo Bloch começou a ser erguido pelo imigrante
ucraniano Adolpho Blochem 1952, e na sua melhor fase era composto por duas gráficas,
uma fábrica de tintas, editora e distribuidora de livros didáticos e revistas,
e um teatro.
96)
Segundo a Executive
Intelligence Review (EIR), de 25 de agosto de 1981, a Revista
Manchete era sionista.
97)
No início de
novembro de 1995, Adolpho
Bloch foi internado no hospital da Beneficência
Portuguesa, em São Paulo, para tratar dois problemas: embolia pulmonar e
disfunção da prótese da válvula mitral do coração.
98)
Na madrugada do dia 18 para o dia 19, seu quadro agravou-se,
e ele precisou ser operado, mas não resistiu.
99)
"Seu Adolpho" faleceu no dia 19 de novembro de 1995 aos 87 anos, sem ter tido filhos. Deixava apenas
a esposa, Anna Bentes, com quem vivia desde 1980, tendo o seu casamento oficializado apenas em 1992.
100)
Com isso, as empresas de seu grupo passaram para o controle
do sobrinho de Bloch, Pedro Jack Kapeller (conhecido como Jaquito), que ficou no comando destas até o ano 2000, quando o
Conglomerado Bloch foi à falência.
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